sábado, 20 de março de 2010

Por que nos tornamos os mensageiros dos medos e do caos? - Z.A. Feitosa

Espalhamos, apesar de tudo, dezenas de queixas, semeamos o temor, e vociferamos centenas de reclamações, difamamos sem cuidado a tudo e a todos. Não sobrou nada de bom ou ninguém bom neste mundo? Acaso não somos mais dignos nem bons? Acaso nossos filhos, parte do mundo que maldizemos ou protagonistas das circunstâncias que maldamos, deixaram de ser bons nem são mais dignos do nosso respeito? Por que não enxergamos mais a esperança que brilhava nos olhos de nossos filhos, enquanto embalávamos seus corpos frágeis nos braços de nossa amorosa paternidade? Ou amamentávamos suas almas nos seios miraculosos de nossa generosa maternidade?

Não ouvimos, faz tempo, as cantigas que falam da beleza simples das flores, esperanças dos frutos; dos risos das nossas crianças, sementes da humanidade; e da doçura sem par do mel, que as abelhas fabricam na escuridão das colmeias. Paremos um pouco para reparar como são frágeis suas asas e pequenos os seus corpos, mas mesmo assim elas descomedidas voam na luz das manhãs na busca das flores, alheias ao fato de que os homens, que já não tecem sonhos, saquearão suas moradas, favo doce favo, para adoçar os medos nas manhãs cinza das cidades onde cultivamos nos canteiros de nossas bocas as palavras do desamor.

Será que todas as flores do mundo murcharam em nossas tristezas? Os frutos da nossa bondade apodreceram nos ramos de nossa intolerância. Não custa abrir o coração, de quando em quando, por mais dura que esteja sua casca. A romãzeira protege o arilo polposo que envolve as sementes com duro envoltório, mas se fende magicamente ao sol quando esta amadurecida. Quando a bondade de Deus há de madurar de todo em nós?

Se nós fomos capazes de gestar em nossas almas o belo menino e a encantadora menina, que chamamos de filho e filha, por que nos tornamos inábeis para conceber em nossos corações, porta-voz humano da alma divina, os bons sonhos e as novas esperanças, se Deus nos deu o dom de tecer nossos futuros de forma tão simples, a partir de pensamentos e de palavras?

Tiremos, por um momento, os olhos da televisão que alardeia crises, fechemos nossos ouvidos para as notícias do rádio, cerremos os olhos para as letras do jornal; todos parecem destacar ou agigantar tragédias para alimentar nossos temores atávicos. Fixemos nosso olhar fastidioso, por um instante, num botão de flor. E, reparemos que a flor, mesmo sacudida pelos ventos e visitada também pelos insetos e, mesmo pasma de si, desabrocha por se lembrar de que guarda o sabor do novo fruto e a esperança da nova planta.

Z.A. Feitosa (in: Por falar em esprito - textos inspirados por Pai Joaquim de Aruanda)

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Um comentário:

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